Once Upon a time parte doze
Once Upon a time parte doze....to be continued...
Voltando à história que
está acontecendo em outra dimensão, onde o trabalho, o cansaço, a decepção com
o marido, foi se tornando rotina. A princesa voltou ao reino tão tão
distante,estava depressiva e sua tristeza era visível até mesmo aos filhos e é
neste ponto que as duas histórias se assemelham,o amor pelos filhos,pelo
próximo.O filho mais velho já adolescente,muito amoroso,percebe a tristeza da
mãe e fala pra ela que já estava na hora de fazer alguma coisa para mudar e que
ele estava disposto a ajudar.A preocupação do filho surtiu um efeito positivo e
foi como um despertador,colocaram em prática juntos,montaram uma pequena
distribuidora de buchas vegetais,no inicio de forma tímida com buchas que eles
mesmos plantaram e depois,chegaram a comprar um caminhão de buchas e as
embalaram e passaram a vender,todos na família vendiam buchas e as vezes a
princesa andava até dezoito quilômetros à pé para cobrir uma determinada região
para vender buchas, não foi nada fácil.
Um dia a princesa em
suas caminhadas encontrou com um amigo que lhe contou sobre um projeto que
abrigava crianças vítimas de violência domestica, dentro da própria família,
várias formas de abuso inclusive sexual, a princesa ficou chocada e sensibilizada
com a situação das crianças, seu amigo a levou para conhecer o projeto. À
primeira vista as crianças e adolescentes pareciam normais, mas para um olhar
mais atento, uma especialista tão sensível como a princesa, que conseguia olhar
dentro daqueles olhinhos e enxergar a alma, dava para saber que havia muito sofrimento,
uma carga muito pesada para uma criança ou um adolescente.
Nos dias que se
seguiram desta visita, a princesa não conseguia pensar em outra coisa a não ser
o que fazer, como ajudar aquelas crianças. Eram aproximadamente quarenta
crianças de bebê até uns doze anos de idade e ficavam em cinco casas
administradas pelo tal projeto que disponibilizava uma mãe social remunerada, em
uma casa mobiliada, com ajudantes para manter a casa limpa, as roupas e a alimentação.
As crianças frequentavam as escolas públicas, psicólogos, psiquiatras, quase
como se estivessem no próprio lar, com melhores condições e sem violência. Parecia
um projeto bom. Algumas crianças retornavam ao lar quando o Conselho Tutelar em
acompanhamento familiar certificava que a família havia se tratado e tinham
condições de receber a criança de volta ao lar. Dentre estes quarenta, oito
deles não retornariam mais aos seus lares, porque a família se dissolveu, eles
teriam que permanecer no projeto até os dezoito anos de idade quando teriam que
ir embora, e este “irem embora” que passou incomodar a princesa que já estava
totalmente envolvida com a situação incomum e séria por se tratar de vidas, crianças,
inocentes que foram brutalmente espancados por aqueles que deveriam protegê-los.
Não poderíamos esperar outra atitude da princesa senão a que ela tomou, foi
pessoalmente conversar com o juiz de infância e juventude e ficou surpresa com
a proposta feita por ele. Segundo o juiz daquela comarca a princesa que não se
identificou como tal, se apresentou como uma humilde mãe de família, preocupada
com as crianças, em especial com as que não teriam um lar para retornar, ela
poderia ser uma mãe definitiva para aquelas crianças, com todo o aparato do
projeto até que eles completassem dezoito anos e depois ficariam como filhos
dela por não terem parentes para adotá-los e ficariam com ela pelo tempo que
ela e sua família quisessem.
A princesa pesou os
prós e os contras e ao conversar com os filhos e o marido procurou ressaltar
mais os prós, na verdade ela já havia contatado alguns amigos para saber se
tudo isso era possível e se podiam colaborar quando chegasse o momento de
encaminhar as crianças a uma Universidade, com a mesma educação, e
oportunidades dos seus próprios filhos, porque o projeto os bancaria
parcialmente até os dezoito anos e se ela estava disposta a entrar nesta briga,
não seria para perder nenhum deles. Deixou claro a família que não seria uma
jornada fácil mas acreditava firmemente que todo percurso sofrido que tiveram
até aquele momento,foi apenas um curso preparatório do que teriam pela
frente,era necessário que todos concordassem já que mudaria a rotina da família
toda.
Com a anuência de todos
a família partiu para uma nova etapa da vida deles, um choque cultural,
espiritual, diferenças que todos tinham que respeitar para um convívio familiar
onde uma princesa se torna mãe de dez crianças de 05 a 15anos de idade e
juntamente com o marido e duas colaboradoras, passa a administrar uma família
com treze pessoas. Os primeiros dias foram os piores, a casa parecia um hospício,
os filhos da princesa ficaram com ciúmes e inseguros, as crianças do projeto
umas queriam se adaptar a esta nova “família” outras queriam mostrar o pior de
si para afastá-los. Aquele momento que você sai correndo ou toma as rédeas da situação.
A casa era ampla, clara e bem arejada, os móveis razoáveis, a comida era farta
e a princesa podia diversificar o cardápio, ela estaria trabalhando em tempo
integral com seus dez filhos, mas teria um salário e não passaria mais pela
humilhação de andar no sol com um sacolão vendendo buchas com os pés cheios de
bolhas e sangrando, mesmo que o marido braço curto ficasse desempregado novamente,
fome eles não passariam mais. Sua chácara passaria ser um local de lazer para
ela e sua nova família. Aquela mulher não sairia correndo deste desafio ela
acreditava que filhos não nascem apenas no ventre, nascem no coração e oito
crianças nasceram do seu coração e precisavam dela como qualquer filho
necessita de uma mãe.O desafio foi aceito e agora era lutar com todas as armas
sendo a mais importante delas o amor que tudo vence.
Entre a rotina de uma
casa grande tanto como a família o investimento teve grande ajuda espiritual,
as crianças aprenderam orar e aos poucos passaram a acreditar que existia um
ser superior que ouvia suas preces. Acreditando, as coisas foram acontecendo
eles frequentavam os cultos para crianças e jovens e aos poucos foram tomando
amor pela música sacra, uma mudança radical para quem ouvia funk.Alguns
começaram frequentar as aulas de música e onde não havia muitas
chances,surpreendendo à todos começaram a evoluir no aprendizado junto com o
irmão mais velho e o pai do coração.
Todos passaram por um
check up e a princesa mãe percebeu que eles tinham problemas de crescimento,
baixa-autoestima,(Autoestima é a forma que enxergamos a nós mesmos. ... Ter autoestima baixa
é um problema atual que afeta muita gente de forma negativa em
praticamente todas as áreas da vida. Este problema repercute no
relacionamento a dois, nas relações sociais e até na saúde física) Aquelas crianças sentiam muita insegurança, não demorou muito para descobrir os
porquês,eram crianças sem perspectiva de retorno ao lar,conscientes que aos
dezesseis anos teriam que ter um primeiro emprego porque aos dezoito anos
teriam que sair do projeto,este medo constante e a insegurança do
futuro,impedia o crescimento,inconscientemente eles tentavam permanecer
pequenos,crianças e sonhavam que alguém pudesse adotá-los.
Sabiam que quanto mais
velhos e maiores as chances eram mínimas e este sofrimento os deixavam
agressivos e as vezes com algumas atitudes maldosas com os mais novos,entre
eles tinham três irmãos consanguíneos,o mais velho carregava um peso nas costas
de ter que cuidar dos irmãos,ele sairia mais cedo do projeto,teria que
trabalhar,montar uma casa para buscar os irmãos quando chegasse a hora,ele
tinha pesadelos com isso e molhava a cama todas as noites com apenas onze anos
de idade.Era preciso fazê-los acreditar,sonhar,e a princesa sabia como fazer
isso acontecer!
To be continued....
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